Exile
In her most perfect form
Exile is this alone:
Today in the land of my parents
Only light remains unsuspected
~
I Am Leaving
I am leaving: Don’t tell
Anyone the wonder
Of leaving this way with nothing
Without so much as longing
I am leaving I am the wind
And not exactly a man
For this reason I cannot mourn
The absence in my fingers
Of your fire hair
Of your eyes of your fingers
Of your voice of your lips
I am leaving I go without lips
I go without voice without any fingers
I go without eyes or hair
I am leaving I am the wind
I once was a man
I go entirely alone
Winter
You will arrive again with your ships of sleep
Your sibylline zeal
Your trail of butchered memory
You will return again eternally old
Full of pain and holly
And white-haired peasants
And white-footed children
Must die hanging from a snowy gallows
And a full silence despised
By the silence of autumn in agony
Will squeeze the throat of December rising
Threatening
On the horizon
~
Exílio
O exílio é isto e nada mais
Na sua forma mais perfeita:
Hoje na terra de meus pais
Sómente a luz não é suspeita
~
Eu Vou Partir
Eu vou partir Não indiques
A ninguém a maravilha
De partir assim sem nada
Sem sequer uma saudade
Eu vou partir Sou o vento
E não pròpriamente um homem
Por isso não sei chorar
A ausência nos meus dedos
Dos teus cabelos do fogo
Dos teus olhos dos teus dedos
Da tua voz dos teus lábios
Eu vou partir Vou sem lábios
Vou sem voz sem nenhuns dedos
Vou sem olhos nem cabelos
Eu vou partir Sou o vento
Antigamente era um homem
Vou inteiramente só
O Inverno
E vai chegar de novo com seus barcos de sono
Seu ardor sibilino
Seu rastro de memória trucidada
E vai chegar de novo eternamente velho
Cheio de dor e de azevinho
E as camponesas de cabelos brancos
E as crianças de pèzinhos brancos
Hão-de morrer suspensas de uma forca de neve
E um silêncio de todo desprezado
Pelo silêncio do Outono em agonia
Vai apertar a garganta de Dezembro que surge
Ameaçadoramente
No horizonte